De acordo com levantamento de um banco europeu, este é o potencial de mercado desse setor nos próximos cinco anos no Brasi
Uma população crescente de milionários vem impulsionando o mercado
imobiliário de altíssimo luxo no Brasil. O setor tem potencial para
gerar R$ 4,6 bilhões em negócios no País nos próximos cinco anos,
segundo levantamento do banco europeu Haliwell Financial Group,
especializado em gestão de fortunas. Segundo o estudo, que analisa os hábitos de consumo dessa parcela da população e foi adiantado ao Estado, 54% dos milionários brasileiros pretendem adquirir um novo imóvel residencial no período de cinco anos. "A escolha é baseada principalmente no bem-estar. Esse consumidor
quer conforto e mais espaço para hobbies. Áreas verdes e fácil acesso a
estradas e saídas também são itens valorizados", diz o vice-presidente
para a América Latina do Haliwell Financial Group, Emerson de Pieri.
Em um período de sete anos, entre 2003 e 2010, o número de
milionários brasileiros deu um salto de 72%. Os dados mais recentes
apontam para um grupo de cerca de 138 mil pessoas, concentradas
sobretudo no Estado de São Paulo. O cálculo considerou indivíduos com
mais de US$ 1 milhão em ativos e dinheiro, excluindo o imóvel em que
residem e dois automóveis.
O status, segundo o estudo, é o principal motivador na hora da compra
de um imóvel residencial de alto luxo, seguido da facilidade de
locomoção e da perspectiva de valorização. "O grande desafio nesse nicho
é conseguir surpreender. É um cliente detalhista, que busca projetos
exclusivos", afirma Luciano Amaral, diretor de incorporações da
construtora JHSF, focada em empreendimentos de alto padrão. O primeiro
passo, explica o executivo, é escolher um bom terreno e depois fazer um
forte trabalho de marca, que envolva atendimento personalizado.
Liderança. Reduto de endinheirados, São Paulo ainda é
a estrela do mercado imobiliário de luxo. O Estado reúne quase metade
da população de milionários do País - 63.398 pessoas - e abriga as
maiores fortunas. Desse montante, 45% estão na região metropolitana,
onde o setor tem crescido de olho na terceira idade e bairros
"alternativos".
"Há uma demanda forte nesse segmento, que não é afetada pelas crises
econômicas", diz o diretor da Empresa Brasileira de Estudos de
Patrimônio (Embraesp), Luiz Paulo Pompéia. Segundo ele, no período entre
1990 e 2005 produziu-se pouco para esse público na área metropolitana
paulista, movimento que começou a ser revertido em meados de 2006. "É um
produto que tem liquidez muito boa, mas é preciso acertar a localização
e o projeto de arquitetura", destaca.
Ainda são poucos os bairros da capital paulista que comportam
empreendimentos desse tipo, mas já é possível ver os primeiros sinais de
mudança. Levantamento da FipeZap a pedido do Estado mostra
que regiões como Barra Funda, Lapa, Santana, Vila Leopoldina e Vila
Mariana tiveram crescimento expressivo de moradores com alto poder
aquisitivo em uma década.
Em 2000, apenas 4,1% dos domicílios da Barra Funda tinham renda
mensal acima de R$ 20 mil, índice que saltou para 9,3% em 2010, segundo o
Censo. "Atualmente as pessoas com alto poder aquisitivo estão
espalhadas pela cidade, pois há opções variadas em diferentes bairros.
Não existe mais um padrão de alto luxo no setor imobiliário", diz Fábio
Rossi Filho, diretor de lançamentos do Secovi-SP.
A mudança, segundo fontes do setor, reflete principalmente a escassez
de terrenos nos bairros mais valorizados, como Ibirapuera, Vila Nova
Conceição, Jardim Paulistano, Chácara Itaim, Vila Olímpia e Morumbi. O
potencial de alta dos preços também é um diferencial. "A valorização
nesses bairros mais afastados é extremamente superior à dos
empreendimentos nas regiões top de linha", afirma Pieri.
Pirâmide etária. "Estamos começando a nos tornar um
país da terceira idade. Parte desse público tem INSS e aposentadoria
privada e passa a ser relevante para o mercado de altíssimo padrão",
ressalta Pompéia, da Embraesp.
De olho nesses clientes, e também em jovens e divorciados, ganha
força o conceito de dois dormitórios de alto luxo. Tradicionalmente
voltado à classe média, esse tipo de imóvel também passou a ser
disputado pelos endinheirados. Área social grande, varanda mais ampla e
número maior de vagas na garagem distinguem os projetos.
A demanda já se mostrou grande. Lançadas em 2005 pela JHSF, as nove
torres residenciais do empreendimento Parque Cidade Jardim foram
vendidas em menos de um ano. Os apartamentos de duas suítes, de 240 m²
cada, foram negociados à época por R$ 6 mil o m². Atualmente, segundo a
construtora, chega a R$ 16 mil o m², uma valorização de 166% em sete
anos.
Fonte: http://www.estadao.com.br